quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ROB HALFORD: “MEU LADO COMPULSIVO E VICIADO AGORA É 100% DIRECIONADO PARA A MINHA MÚSICA”



Fonte: About.com
O website “About.com” conduziu uma extensa entrevista com o Deus do Metal, Rob Halford. O lendário vocalista fala sobre o Judas Priest, projetos solo, novo disco e sobriedade e muito mais.
Confira a entrevista completa, em português, com exclusividade no Imprensa Rocker.
Após um álbum de canções natalinas no ano passado, Halford retorna com “Made of Metal”. Ele também fez parte do “Ozzfest” deste ano e sairá em turnê com Ozzy nos Estados Unidos no outono e inverno (Nota do Tradutor: do hemisfério norte). É sempre um prazer falar com o deus do Metal, e nós conversamos sobre o álbum e a turnê, a previsão para o próximo disco do Judas Priest, os recentes suicídios de adolescentes gays, dentre outros assuntos. 
Você lançou um álbum com canções natalinas no ano passado. As canções do “Made of Metal” fizeram parte da sessão para aquele disco ou foram escritas depois?
Foi uma sessão completamente diferente. Só para resumir rapidamente a história do “Winter Songs” (N.T.: disco contendo músicas natalinas), eu amo esta época do ano. Sempre adorei a música, e imaginava como seria se eu as cantasse. Esta foi a idéia por trás do álbum. Alguns fãs provavelmente acharam que eu fiquei louco (risos), mas foi apenas uma vontade pessoal.
Seguindo em frente até a primavera deste ano, surgiu a oportunidade da “Halford band” voltar para a estrada. Isto me encorajou a escrever novas canções. Quando você vai ver uma banda, você quer escutar as músicas que conhece, mas também é excitante ouvir material novo. Então, saber que faríamos alguns shows foi o que disparou tudo. Isto me fez compor e eu tive um surto de energia criativa. As composições surgiram bem rápido. Foi um daqueles momentos mágicos. Bom, 90% das músicas são completamente novas.
As canções mudaram muito das versões da demo até as versões que saíram no álbum?
Minhas demos são na maioria de nível de jardim de infância. Eu canto as idéias no meu iPhone. Mas funciona. Faço alguma pré-produção com Roy Z, meu produtor, mas a banda é chamada quase que imediatamente. O lance sobre as demos é que, quando chega até a versão final, você pode perder muita coisa que capturou de início. Roy é muito bom em se certificar de que tudo que você começou a gravar possa ser usado na produção final. Nunca fica tão bom na segunda vez.
Você diria que “Made of Metal” é o álbum mais diversificado que você já fez?
Não diria o mais diversificado. A textura geral é uma experiência de Metal Clássico, e eu suponho que isto seja por causa da minha velha cabeça Metal, sempre escrevendo do coração, sem pensar muito no assunto. Acho que isto é um aspecto importante quando se está criando. Você pode matar a alma se você pensar demais. É onde estou agora como compositor e músico de Metal, apenas um exemplo de uma porção de boas canções de Metal.
A canção título foi sua primeira experiência com o “Auto Tune” (N.T.: Software usado para disfarçar imprecisões e erros na performance vocal. Também pode ser usado como um efeito deliberadamente preparado para distorcer a voz humana)?
Sim. Eu já tinha este som de máquina voadora de prata em minha cabeça. Eu estava dirigindo até o estúdio e zapiando entre as estações da “Sirius/XM (N.T.: Rádio por satélite). Acabei numa estação de R&B, que normalmente eu não escuto. Eu escutei um lance com “Auto Tune” e fiquei imaginando se havia uma maneira de usara aquilo numa música. Parte de mim dizia “não seja maluco”, e a outra dizia “faça, apenas experimente”. Então foi o que fiz. Acabou ficando muito bom, em termos do efeito dramático que quisemos criar.
Parece que você já tinha o conceito em sua mente há algum tempo para o vídeo animado.
As letras eram de um mundo um pouco diferente antes de serem modificadas. Quando começamos a pensar mais sobre a nave supersônica prateada, decidimos usar quatro rodas ao invés de duas. Isto cresceu e se desenvolveu. Tínhamos a estória desta louca e mítica besta que vem do espaço, aterrissa numa pista de corrida, acaba com a competição e voa de volta para o espaço. Muitas coisas nos esportes têm a ver com o Metal. Por isso fiz ““Undisputed Heavyweight Champion Of The World”, que para mim é Metal. Mas se você olhar para o MMA ou UFC (N.T.: Categorias de lutas profissionais), é o mesmo espírito, poder, energia e determinação. 
A canção “25 Years” tem um grande significado pessoal para você, já que comemora um quarto de século de sobriedade?
Sim. Vinte e cinco anos atrás eu estava passando por muita coisa difícil na vida. Trouxe a idéia para Roy, e ele me disse para falar sobre as coisas que eu quisesse e que fossem importantes para mim. E eu sei que coisas boas acontecem quando você diz certas coisas nas músicas. Além de ter sido um momento catártico para mim, com sorte se alguém que ouça a música estiver passando por dificuldades, elas podem entender que há uma luz no fim do túnel.
Mesmo estando sóbrio há 25 anos, você ainda lida com a tentação diariamente?
Sim. Não é tão difícil quanto já foi, mas é o quão estúpido você pode ser sobre todo o lance do vício. Você acha que o derrotou, mas não o derrotou. Todo mundo pode mudar seu comportamento pessoal, mas tudo é comandado pelo cérebro, então é uma troca constante de viver cada dia. Algumas pessoas têm muito mais dificuldade do que eu. Meu lado compulsivo e viciado agora é 100% direcionado para a minha música e minha criatividade. Se eu não tivesse todos estes escapes, como subir num palco e fazer aquilo tudo, eu acho que seria um problema muito maior. 
Com o Priest, Halford e seus negócios, você parece estar constantemente ocupado.
Eu adoro isto. A vida é uma dádiva, e é preciosa, e é uma corrida bem curta. Sempre senti que você tem que tirar o máximo que puder da vida.
Através da “Metal God Entertainment”, você relançou muita coisa do catálogo antigo do Halford e do Fight, além de material novo. Há alguma outra coisa vindo desta área?
Foi importante lançar este álbum ainda neste ano, antes do Priest retornar pelos próximos anos. Nós cobrimos tudo com relação ao catálogo antigo. Era hora de fazer algo novo com o “Made of Metal”, e para onde estaremos indo deste ponto em diante. E as portas estão abertas agora para outros talentos aparecerem e nos mostrarem suas demos.
Como foi o “Ozzfest” neste ano?
Sempre é muito divertido. Você está cercado de pessoas que você conhece. É um evento divertido, e o bônus de tudo, para mim, é que Ozzy e Sharon ainda se mantêm verdadeiros à idéia que tiveram, que foi organizar um festival que dê a oportunidade para novas bandas tocarem para muitas pessoas, crescerem e se desenvolverem.
Você anda com a Harley nos shows do Halford, ou isto é com o Priest?
Só com o Priest. A capa de “Ressurection” tem eu numa Harley, e aquilo foi antes de eu voltar para o Priest. Muitas pessoas dizem que aquilo foi a minha passagem de volta para a minha vida True Metal. A Harley é exclusiva para o Priest.
Na sua próxima turnê com Ozzy, você tocará canções de vários projetos seus?
Sim, tocaremos algumas canções do Priest, ou outras coisas que os fãs peçam antes do show. É difícil decidir quais canções você irá tocar. Obviamente iremos divulgar o novo disco, mas o set list será bem variado, uma boa cobertura do que eu faço nos meus trabalhos solo.
Quando você relançou o material do Fight, não muito tempo atrás, você realizou alguns eventos nas lojas, para autografar material e a resposta foi muito positiva. Isto te surpreendeu?
Isto não é ótimo? Não consigo explicar. Eu acho que é maravilhoso. Estou maravilhado com a reação aos lançamentos do Fight. “War of Words” ainda é visto como um álbum importante.
Algumas datas da turnê serão perto do natal. Você tocará algumas das canções do seu álbum natalino?
Parace ser o correto, sim. Mas não tocarei “Oh Come All Ye Faithfull” no palco de Ozzy Osbourne!
É difícil a transição entre ser a banda principal com o Judas Priest e a banda de abertura nesta turnê com o Halford?
São mundos diferentes. O Priest é uma banda gigante de Metal e o Halford é bem menor. Não importa o tamanho, mas sim o que você faz com a coisa (risos). Eu amo estar no palco, amo cantar e amo estar na companhia de outros músicos. Não me importo se seja num clube ou no Madson Square Garden. Estou maravilhado e grato só por ter a oportunidade de fazer o que faço.
Como está sua grife de vestuário?
Bem. É apenas mais um escape. Sou famoso pelas roupas que uso no palco, e a grife é apenas um outro ângulo para representar o que eu faço.
Você vende as roupas na tune ou só pela internet?
Você pode compras nos shows também. Temos merchandise do “Metal God Apparel”.
Vocês já pensaram na previsão para o próximo álbum do Priest?
Estarei no Reino Unido no natal e me encontrarei com K.K. e Glenn. Falaremos sobre música, shows. Há muita coisa planejada para o Priest nos próximos anos. Assim que tivermos algo a dizer, colocaremos no website.
Você acha que o ultimo CD da banda, “Nostradamus”, um álbum conceitual de 100 minutos, está sendo mais respeitado agora que as pessoas tiveram alguns anos para internalizá-lo?
É um trabalho muito extenso, e coisas desta natureza demoram para serem digeridas. Sabíamos que não seria um hit instantâneo. Ela precisa seguir lentamente e se fortalecer, e eventualmente faremos o que queremos, que é tocá-lo na íntegra. Sempre o olhamos desta forma. Não é um álbum de estúdio normal. Você tem que pensar diferente sobre as várias formas que pode usar para promovê-lo em ambiente ao vivo.
Ocorreram recentemente séries de suicídios de adolescentes gays, que foram bem divulgados pela imprensa. O que pode ser feito para ajudar a evitar isto? 
Eu acho que, mais do que tudo, é uma imagem de como a vida é. Há todo este sexting (N.T.: Contração de “sex” e “texting”. É um anglicismo que refere-se à divulgação de conteúdos eróticos e sensuais através de celulares) acontecendo, e cyber bullying acontecendo. É absolutamente entristecedor que as pessoas estejam sendo levadas ao ponto de acabarem com a própria vida. Estou contente que pessoas talentosas, como Ellen Degeneres e Neil Patrick Harris, estão falando sobre o assunto. Eles são muito mais articulados do que eu.
A coisa mais importante é mostrar o amor e apoio que há por aí para todos, seja você vítima de bully ou não. É importante cuidarmos uns dos outros e estimularmos uns aos outros, especialmente na época de escola. Eu vi bullying quando estava crescendo, na escola. Sempre aconteceu. É uma coisa muito peculiar. É uma vergonha que seja necessário ocorrer tragédias como estas, para trazer a luz de volta a esta questão. Tem que ficar lá agora. Não pode sumir em algumas semanas, como as coisas tendem a acontecer na mídia.
Programas precisam ser lançados nas escolas, ou reforçados. Os pais precisam ficar de olho em seus filhos um pouco mais. A interação social que está disponível 24 horas por dia tem que ser utilizada de uma forma forte, educativa e promocional, para que as pessoas que estejam passando por estes períodos na vida saibam que há sempre alguém com quem elas podem falar. Não se sentir sozinhas. Há uma forma de ajudarmos uns aos outros e superar estes tipos de problemas.

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