segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Em DVD: “Rush – Beyond the Lighted Stage”

É enorme a tentação de escrever um longo tratado todo rebuscado sobre o Rush -- ao mesmo tempo, a banda mais mal falada e também a mais cultuada do mundo -, mas vou tentar fazer um texto rápido e objetivo.
E o resumo de tudo é: entre agora na sua loja de e-commerce preferida e compre um exemplar deRush -- Beyond the Lighted Stage, documentário premiado no Festival de Tribeca e destaque da última Mostra de Cinema de SP. O filme acaba de ser lançado em DVD.
Trata-se de um tributo militante e apaixonante a uma banda cuja reputação de nerd, pretensiosa e chata obrigou seus fãs a se justificarem e aguentarem todo tipo de ridicularização. Ao contrário da inventividade e complexidade das canções do Rush, o filme é direto ao ponto, com começo, meio e fim -- e, acima de tudo, fala direto ao coração de quem gosta de música.
(Só para situar quem não está familiarizado: esta é a banda que é retratada no filme, durante o histórico show de 2002 no Maracanã
Feitas as apresentações, vamos ao filme:
Os personagens principais -- Geddy Lee, Alex Lifeson e o cara mais próximo de ser o Mestre Yoda no Planeta Terra, o  baterista Neil Peart -- são revelados com um ótimo histórico infanto-juvenil (que inclui imagens dos pais do guitarrista dando-lhe um esporro quando ele anuncia que está abandonando o colégio para tocar numa banda) e declarações atuais de seus pais (!) e de velhos amigos -- como seu primeiro agente e seu produtor de longa data, além de músicos que conviveram com o Rush nos seus primeiros dias (Gene Simmons, o baixista linguarudo do Kiss, ainda se impressiona com a serenidade avessa a badalações da sua banda de abertura na década de 70). Os integrantes também oferecem depoimentos honestos e afetivos sobre a amizade que sustenta a banda e o desafio musical que a move pra frente.
Mas o Rush é uma banda feita por fãs, fãs obcecados, hordas e hordas de homens feitos, universitários obcecados por vídeo-aulas de instrumentos e nerds adolescentes. Um bando de gente que simplesmente idolatra o trio canadense, e que faz do Rush (usando as palavras do próprio Geddy Lee) “a banda cult mais popular do mundo”.
E entre os fãs entrevistados no documentário encontramos nerds anônimos (que provavelmente têm suas vidas bem resolvidas como executivos, engenheiros ou vendedores de discos, não importa), mas também nerds de sucesso no ramo do entretenimento: integrantes do Smashing Pumpkins, Metallica, Foo Fighters, Pantera, Dream Theater, Rage Against the Machine, Skid Row e Nine Inch Nails ajudam a compor a personalidade do Rush, enquanto desfiam a seda por seus ídolos; Jack Black, o ator-roqueiro por excelência, cita longos trechos das letras e canta solos e filosofa sobre sua banda preferida; o criador de South Park vê na banda sua alma gêmea no mundo… e por aí vai.

O resultado é um filme sincero, honesto e que lava a alma não só dos obcecados fãs do Rush, mas de qualquer pessoa que se interesse por pessoas -- e que seja sensível à manifestação do talento. Porque há muito talento nesse trio que, além de abrigar o melhor baterista do mundo (e seguramente um dos maiores baixistas), consegue fazer música relevante há quase quarenta anos, mudando constantemente seu som, renovando seu público e, finalmente, com a primeira geração de nerds-fãs tomando poder dos meios de produção, ganhando tributos à altura da sua importância.
Não deixe de ver Rush -- Beyond the Lighted Stage por nada neste mundo.
No mais, é o melhor aperitivo para o show do trio, a acontecer em outubro em São Paulo e no Rio de Janeiro.
P.S.: claro, este blogueiro é integrante do exército de nerds que consideram o Rush a banda mais injustiçada da História. E já gastei, feliz, os R$300 do ingresso para o show do Morumbi.
Fonte: Vip Abril

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