terça-feira, 9 de novembro de 2010

Quem ouve Heavy Metal ouve apenas Heavy Metal?

Imagem
Richard Navarro, 32 anos, produtor de eventos
É pra chutar o balde mesmo? (rs) Então vamos lá Pra começar, vou disponibilizar aqui um depoimento que minha cunhada Isabel Tavares (vocalista da Black Cofee), postou na comunidade de um evento anual criado por mim, por acaso chamado “Bregas of Metal”, que já pode dar uma boa idéia do quanto meu gosto musical é apurado (rs): “Eu sinceramente acho que o meu querido cunhado Richard mereceria um troféu por ser o cara mais brega que eu conheço. Não é difícil você entrar no carro dele e ouvir na seqüência Zezé de Camargo e Luciano e Rage, ou qualquer outra banda boa de metal misturada com os clássicos bregas. E outra... pra quem não sabe, foi o Richard o idealizador do grande "Bregas of Metal". Saiu da cabeça doentia do meu cunhado esse grande festival de risadas hehehehe.”
Acho que esse depoimento já me compromete o bastante, né? (rs)...O próprio diretor da Whiplash (João Paulo), é camarada das antigas e já sabe muito do que vou revelar aqui, mas agora que já queimei meu filme “com quem não me conhecia” (rs), irei até às últimas conseqüências! (rs):
Eu cresci ouvindo Queen, Kiss, Scorpions até conhecer Iron, Judas e me tornar um ardoroso fã do Manowar. “Porém”, meus avós maternos eram de Goiás e eu passava todas as férias de julho e dezembro lá. Então, muito antes de eu saber o que era rock, eu cresci ouvindo sertanejo raiz, e nunca deixei de escutar. Desde pequeno também me despertou o interesse pela música clássica, óperas como “La Traviata”, “Barbeiro de Servilla”, musicais como “Fantasma da Ópera” (maravilhoso!) e por tenores como Pavarotti e Bocelli, que eu sempre gostei de imitar (rs).
Também ouvi muito Roberto Carlos durante uma fase da minha infância e até hoje gosto de ouvir as pérolas do “rei”, mas a fase antiga, que eu acho que realmente tem umas músicas muito boas e até com pegada rock. Curti muito o rock nacional dos anos 80’s, adorava o Legião Urbana e também sempre adorei Roupa Nova, que para mim é talvez a melhor banda brasileira que já existiu. Mas nunca fui bitolado num estilo, então continuei curtindo de igual pra igual Elvis Presley (que eu sou fanzaço) e Chitãozinho&Xororó, numa boa. Quanta blasfêmia!? (rs).
Indo pro lado mais brega, eu admiro o Agnaldo Rayol, Vicente Celestino, Nelson Gonçalves, Altemar Dultra e Jessé, que são grandes cantores. Já no lado mais “black metal” (rs), curto vários sambas mais antigos, várias músicas do Art Popular, Raça Negra e, por exemplo, não tenho problema nenhum em admitir que o Alexandre Pires canta bem pra caralho. Já a Ivete Sangalo, além de cantar maravilhosamente, eu nem vou falar o que acho dela pois toda vez que ela aparece na TV eu tomo um beliscão da minha noiva(rs). Aliás, a “Berimbau Metalizado” tem uma puta pegada metal! (rs)
Falando do lado brega mais “extremo” (rs), eu conheço e ouço muita coisa, mas eu já cultuo mais pelo lado do humor. Por exemplo, é impossível não se render a hilária “A Raposa e as Uvas” do Reginaldo Rossi ou “O Fruto do nosso amor” do Amado Batista, cuja letra é tão desgraçada que merecia uma versão “splater”(rs). Gosto basicamente de tudo que rola na “Trash 80´s” e acho o mestre Sidney Magal bem mais Metal que muita banda que tem por aí hoje em dia. Já o Falcão, pra mim é um “deus”! (rs). Sério, eu amo esse cara! Acho ele o melhor! Genial! Um mestre! (rs)
No lado mais “sério”, curto Elton John, A-Ha, aprecio muito world music, cantoras como Lorena McKennit e outros grupos que misturam new age com música medieval e celta. Atualmente também tenho acompanhando muitos shows da banda da minha cunhada (Black Coffe), então passei a conhecer e admirar mais blues, soul, black music e Tina Turner.
Imagem
Sempre gostei muito de música romântica (nacional e internacional) e inclusive as duplas sertanejas-românticas que estão em alta atualmente, como Edson&Hudson e Bruno&Marrone. A propósito, como um amigo sabiamente concluiu, podemos dizer que “o Bruno é o Dio do sertanejo” (rs). Puta drive animal tem esse cara! Falando nisso, pouca gente sabe, mas o Hudson acabou de gravar um disco de Metal, com participação dos irmãos Busic (Dr Sin) e do Andréas (Sepultura). Aliás, o Ralf, da dupla Christian&Ralf, também é metal, fanzaço do Pantera! [NOTA: esta matéria foi editada alguns meses atrás. Pedimos desculpas pela imensa demora na publicação, ao público e ao Richard. A esta altura Hudson já foi inclusive capa da RockHard-Valhalla.]
Já que estamos chutando o balde aqui, ninguém tira da minha cabeça que o Biafra é o pai do Andre Matos. Para quem não acredita, basta ouvir o clássico “Sonho de Ícaro” e compará-los (rs). Aliás, ouvi dizer que rola na internet uma versão dessa música em “homenagem” ao Andre, que atende pelo nome “Sonho de Matos” (rs). Falando nele, caso eu não tenha queimado o filme dele suficiente ainda, quero contar pra todo mundo que há alguns anos ele cantou comigo uma música da Whitney Houston (aquela do filme “O Guarda-Costas”) num karaokê e toda a baianada presente, que por sinal nunca tinha ouvido falar dele, aplaudiu de pé! (rs). Eu tenho testemunhas e até foto pra provar (rs).
Aliás, foi na primeira edição experimental do “Bregas of Metal”, que foi citado no início dessa minha “confissão” (rs). Pra galera entender melhor, é um karaokê que eu organizo “secretamente” uma vez por ano, reunindo apenas músicos e personalidades da cena Metal nacional. A regra é cantar só música brega, as últimas edições foram realizadas no Blackmore e são “secretas” porque tem muito “headbanger” cusão (rs) que adora música brega mas não admite e tem medo de queimar o filme com os fãs. Então não divulgamos na mídia aberta, senão os músicos ficam constrangidos e não “se revelam” (rs).
Falando nisso, eu acho que a música brega e o Metal têm muito a ver, sem ofensas aos mais radicais. Ambos estilos compartilham muitos admiradores em comum, apesar da maioria ser enrustido (rs). Aliás, tenho um projeto em andamento que busca provar ao público, por exemplo, o quanto o metal melódico e o sertanejo são estilos próximos (rs). Aguardem, pois num futuro breve essas palavras aqui farão sentido (rs). O legal é que, nessas, é feita uma espécie de “evangelização”, pois a galera que não conhece metal por preconceito e acaba conhecendo e até curtindo sem saber. Por exemplo, o Mamonas Assassinas (que eu acho genial) foi um dos maiores, senão o maior, fenômeno musical do Brasil da nossa geração. O grupo estourou usando de todo seu humor, letras e visual escrachado, se tornando uma febre em todas as classes sociais e faixas etárias nos anos 90. No entanto, quase ninguém faz idéia que o disco é metal pacas e até passagens descaradas de Dream Theater tem uma das músicas, só para citar um exemplo.
Resumindo, eu sempre ouvi e curti de tudo, pois o que importa pra mim não é o estilo em si, e sim se a música é boa e o sentimento que ela me transmite. Acho que as únicas coisas que não suporto mesmo são funk carioca, Calypso (becat!) e som eletrônico “putz putz”, pois isso é tudo, menos “música”. E olha que eu curto muito dance music, mas a “raiz”, dos anos 80, pois nesse ponto eu sou “true” (rs).
Sei que essas minhas “revelações” aqui provavelmente chocaram e decepcionaram muita gente que não me conhecia e era fã do BMU e imaginava que o criador do festival era “headbanger true metal from hell”, mas prefiro que se decepcionem com algo que “é verdade” e nunca tive vergonha de admitir, do que com coisas que espalham por aí por pura inveja e só fazem a gente desanimar de apostar num estilo tão carente de apoio aqui no Brasil. Como tem muita gente cabeçuda e maldosa por aí, já estou esperando que as coisas aqui relatadas irão render críticas, distorções e boatos do tipo: “Não teve BMU este ano porque o produtor virou sertanejo”(rs), quando a verdade é bem diferente desta. Mas, como já estou calejado com a quantidade de merda que a galera inventa, espalha e “vira verdade” e não devo absolutamente nada a ninguém, FODA-SE! (rs).
A música é minha vida, eu amo o Metal e por isso escolhi este estilo para apostar há tantos anos, mas jamais fui um cara radical. Nunca me considerei um true metal, jamais me vesti como tal e sempre procurei ter meu próprio estilo. Respeito a opinião e gosto de todos, concordo que gosto é gosto, e que gosto não se discute (no máximo se lamenta), mas radicalismo e preconceito são coisas de gente ignorante e babaca. Na minha opinião, a pessoa só pode criticar algo que conhece. O músico, principalmente, tem que ter a mente aberta e beber de todas as fontes, caso contrário limita sua capacidade de criar e nos deparamos com essa avalanche de clones que saturam o mercado com bandas tão iguais, repetitivas e enjoativas.
Concluindo, conforme as polêmicas palavras que a minha querida cunhada sabiamente profanou em certa ocasião e foram mencionadas no primeiro parágrafo dessa confissão, “eu, Richard Navarro, sou de fato uma das duas pessoas mais ecléticas e bregas que já conheci (rs).”
Bom, acho que é mais ou menos isso aí! (rs)... Agradeço a todos os que tiveram a paciência de ler até aqui, pois também admito que escrevo pra caralho (rs) e que procurem ser qualitativos, mas não “bitolados”, pois tem muita coisa legal pra conhecer além do Metal, que eu concordo, “é sagrado”.
Grande abraço e...“STAY BREGA”!!! (rs)
...Richard Navarro
Fonte: Whiplash

Nenhum comentário: