terça-feira, 26 de outubro de 2010

A volta solo de Edgard Scandurra


Adriana Del Ré
Depois que o Ira! chegou ao fim, em 2007, o guitarrista Edgard Scandurra ficou meio sem chão. Não só pela extinção da banda que ele havia ajudado a fundar, em 1981, mas pela forma conturbada como tudo aconteceu – e que acabou abalando sua longa amizade com o vocalista Nasi. “Fiquei oito meses um pouco perdido. Tive de reestruturar minha carreira e, nesse processo, achei que tinha de me reencontrar com o rock, com a minha assinatura”, diz Scandurra, que já mantinha projetos pessoais paralelamente à banda.
Foi em meio a esse turbilhão que nasceu o CD e DVD Ao Vivo, que terá show de lançamento hoje, na Choperia do Sesc Pompeia. É seu primeiro projeto pós-Ira!, se consideramos um trabalho solo. É que o músico nunca parou: faz parte da banda que excursiona com Arnaldo Antunes na turnê do CD Iê Iê Iê; tem tocado com a cantora Karina Buhr nos shows da moça; e idealizou o projeto infantil Pequeno Cidadão, ao lado de Arnaldo, Taciana Barros e Antônio Pinto, que abarca CD, DVD e turnê pelo País. Ele assumiu ainda outra ocupação: a de proprietário do restaurante francês Le Petit Trou, inaugurado há 3 anos, em São Paulo, pouco antes do final do Ira!.
Para levar seu Ao Vivo adiante, o guitarrista encontrou como mote os 20 anos do início de seus projetos solos, desencadeados pelo disco Amigos Invisíveis, de 1989.Em maio do ano passado, ele reuniu no palco do Teatro Fecap, em São Paulo, uma série de convidados – incluindo Fernanda Takai, Zélia Duncan, Jorge Du Peixe, Bárbara Eugênia e Charlie Crooijmans – e 18 músicas no repertório. Pinçou faixas de seus discos, como Amor em B.D. (de Amigos Invisíveis) e Amor Incondicional (do álbum homônimo) e também os lados B do Ira! em que aparece como compositor – com exceção de Tolices, um dos grandes sucessos da banda. Ainda na lista de participações especiais, Guilherme Arantes comparece em Meu Mundo e Nada Mais. “São pessoas de gerações que me acompanharam ou me influenciaram. Depois do fim da banda, eu queria gente assim ao meu redor”, afirma.
Ao repertório revisitado, uniram-se três inéditas: A Dança do Soldado, Kaput e Não Precisa Me Amar. “Eu não queria que esse projeto fosse um flash back da minha carreira, mas que mostrasse que existem músicas sendo feitas para um próximo CD.”
Amizade com Nasi
Esse próximo CD solo ainda não tem data definida. Por ora, Edgard Scandurra pensa em continuar com todos os trabalhos que já vinha tocando, acrescidos da turnê do Ao Vivo e um novo projeto com Arnaldo Antunes para o ano que vem.
Passada a tempestade, o músico parece lançar um olhar mais sóbrio sobre o desentendimento com Nasi. “Sobrou muita coisa para mim. Ele falou desde coisas pessoais até que eu obrigava a banda a gravar minhas músicas. No final da história, parecia que eu era o grande culpado. Foi triste, mas agora isso faz parte do passado.”
E acredita que, algum dia, ele e Nasi, que se conhecem desde a adolescência, possam retomar a amizade. “Uma hora, vamos sentar para tomar um café e explicar coisas que viraram um imbróglio.” Existiria a remota possibilidade de um retorno da banda? Scandurra não descarta. “Mas não tenho vontade de fazer isso nos próximos dez anos”, assegura ele.
Fonte: Estadão

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