domingo, 20 de fevereiro de 2011

A mongolização dos programas infantis


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A primeira geração que apreciou a televisão durante a infância foi a de nossos pais ou avós. Entre uma brincadeira e outra, passaram a integrar seu tempo ocioso um grupo de palhaços e capitães amigos dos pequenos telespectadores. Na geração seguinte, dominaram na programação infantil as mulheres apresentadoras, que substituíam a figura feminina da mãe, na sua ausência, pela da mulher vulgarizada em sua sensualidade.
Após a companhia de uma sequência de louras, os pequenos espectadores, antes tratados como um respeitável público, agora são tidos como clientes de cassinos; cobaias de atrações entediantes que mal se salvam pelas animações exibidas; e, pior, são forçados a se identificar com os apresentadores mais mongóis da história das comunicações do Brasil.

Os adolescentes mais velhos talvez se lembrem do estopim da mongolice no Bom Dia & Cia
, quando passou a ser apresentado por Jéssica e Kauê. Ah, desculpe por fazê-lo ter essa triste180px-Toscos_jessica_kaue
lembrança! “Pula pula pula, pula e faz firula”, cantavam boçalmente, e, durante algum período, ouviam histórias de ninar. Se ainda fossem crianças de nove ou dez anos, mas eram adolescentes de dezesseis anos, pequenos adultos! Era a visão do inferno uma moça e um rapaz de sexualidade duvidosa dando saltinhos e rodopiando por força de contrato.
Depois desse vexame, o SBT apostou em outra dupla de criançonas, Priscila e Yudi, abrindo a porteira para talentos mirins de shows de calouros. Os jovens, normais se comparados aos seus antecessores, começaram só apresentando desenhos animados, porém ficaram conhecidos pelos adultos por causa da roleta. Com seu famoso coro de “Playstation! Playstation!”, incitam o público infantil a perder tempo e dinheiro com ligações para participar de apostas disfarçadas sob o eufemismo de “brincadeiras”.
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Hoje, praticamente adultos, ainda dominam as manhãs da TV como crianças. Contrabalanceando suas idades, foram contratadas duas garotas, fantasiadas de Shirley Templee Punky Brewster, respectivamente: a menina-monstroMaísa, famigerada por ser o único ser vivo capaz de trollar Silvio Santos; e uma desconhecida que não empolgou.
O único programa da TV aberta voltado para animes, o TV Kids, é um espetáculo à parte. Até o fim de 2009, não tinha apresentador, mas agora é guiado por uma jovem que incorpora o espírito da tia da creche. A forma como ela lida com os seus “amiguinhos” do público é deprimente e insuportável, tamanha a infantilização da moça. Quem é um tanto mais crescido percebe como ela trata o espectador como uma criança boba de jardim-de-infância, pronunciando suas frases com uma mesma melodia e falso otimismo.
Corrobora a infelicidade do programa o merchandising agressivo do guaraná “Clone”, que aparece em vinhetas com o temível “Cloninho” (que a turma do Pânico fingia adorar), nas vestes e nos adornos da apresentadora, que inclusive bebe o refrigerante em estupenda alegria. Ela só apresenta o TV Kids porque, há alguns anos, é a garota-propaganda da bebida, exclusivamente divulgada na RedeTV!.
Completando a turma de apresentadores aloprados, não poderia deixar de faltar a Globo, que revelou a deseducada Xuxa após seu sucesso com crianças em Amor, Estranho Amor. Hoje, a única atração diária infantil do canal é comandada por dois jovens adultos que, de modo boboca, interpretam roteiros com papos de maluco e sem graça, difíceis de engolir para personagens da idade deles.
Tv Globinho dezembro Paulo Mathias
É esse o semblante daqueles que acompanham nossos pequenos brasileiros na ausência de seus pais. Calcule que efeitos esses comunicadores afetados podem causar na mente das criançasespectadoras, incapazes de discernir a qualidade do que assiste. Não tenho esperança de que programas de desenhos cheguem ao nível dos apresentados por Eliana, mas é possível evitar as mancadas que são as atrações atuais. O Band Kids e o Record Kids, apesar dos nomes pouco originais, não têm apresentadores, mas pelo menos não correm risco de pagarem jovens para fingirem-se de crianças. Sem opção, resta ao público mais esclarecido, se ainda vê os desenhos decadentes atuais, ignorar as aberrações da TV brasileira, optando por canais educativos ou pela TV paga.
fonte: Minilua

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