terça-feira, 3 de agosto de 2010

O ABCD nas cordas do Sepultura

Andreas: violão em rifa. Foto: Divulgação
Andreas: violão em rifa. Foto: Divulgação
 
Andreas Kisser, guitarrista da banda, comenta a carreira e particularidades da juventude

Para encerrar julho, mês do rock, o ABCD MAIOR entrevistou uma das principais referências musicais da Região influenciada pelo estilo musical: Andreas Kisser, sãobernardense de 41 anos, que cresceu no Rudge Ramos e no Bairro Jardim (Sto.André). Atualmente, o guitarrista da banda de trash metal Sepultura, grupo que começou em Belo Horizonte em 1985, está finalizando o tour do último álbum, A-Lex, que durou dois anos e passou por mais de 60 países em quase 200 cidades do planeta. O conjunto se prepara para começar a gravar o disco novo e tem shows no Brasil em setembro, em João Pessoa (PB), e outubro, em São Paulo.

ABCD MAIOR – Como se deu o primeiro contato com instrumentos e com o rock? A Região influenciou?
ANDREAS KISSER – Ganhei um violão em uma rifa de festa junina de rua, no Rudge Ramos. Eu estudava com o violão da minha avó, mas foi uma motivação extra ter ganhado aquele instrumento na sorte. Comecei a escutar música mais pesada, bandas como Kiss, Queen, Led Zeppelin e Black Sabbath, com um vizinho. Na escola, formei meu primeiro grupo, se chamava Esfinge, e tocava somente                                         covers. Na feira de ciências do Colégio Singular fiz o primeiro show da minha carreira, era um trabalho sobre o heavy metal e tocamos na quadra da escola.

ABCD MAIOR – Acredita que a relação que o ABCD tem com indústrias colabora com a proliferação de vertentes do rock? Chegou a acompanhar o movimento punk regional?
KISSER – Creio que sim, acho que é mais ou menos como a cidade de Birminghan, na Inglaterra, de onde saíram Black Sabbath e Judas Priest, também uma cidade industrial. Acompanhei o movimento punk de longe, eu era do heavy metal e, infelizmente, havia muitas brigas entre as duas facções, mas sempre fiquei distante disto.

ABCD MAIOR – Lembra dos locais que frequentava e de músicos que tocaram no ABCD?
KISSER – Ia bastante ao Jazz and Blues, barzinho onde tocavam feras brasileiras como Celso Pixinga, Faiska, André Cristovam, Paulo Zinner e tantos outros grandes músicos de São Paulo. Inclusive, eu trabalhei de garçom neste lugar somente para ver os caras tocando. Durei um dia.

ABCD MAIOR – Que outras bandas do cenário do rock encontrou para fazer apresentações ou que via com frequência?
KISSER – O primeiro show heavy metal nacional que eu vi foi da banda Karisma, que era de Santo André. Tocaram em um teatro em Rudge Ramos e foi uma experiência incrível, causaram um grande impacto em mim. O Grinders, MX, Cova, Blasphemer, Ação Direta, são outros grupos que tocavam muito na Região. Havia uma cena muito forte na época. Os headbangers do ABCD, era um grupo grande de fãs do estilo que andavam juntos e iam a todos os shows, praticamente todos tinham uma banda.

ABCD MAIOR – Como foi a trajetória para a formação do Sepultura? Elementos tupiniquins influenciaram em diversos momentos da banda?
KISSER – Eu entrei no grupo em 1987, morei em BH até 1989, e depois a banda se mudou pra São Paulo e voltei a Santo Andre, onde ensaiamos por um bom período, muita coisa dos discos Arise e Chaos AD foram escritas na cidade. Incluímos elementos da música nacional à nossa maneira pesada de tocar. Acho que os ritmos brasileiros são únicos e isto diferencia o Sepultura de outras bandas do estilo, principalmente na bateria, por ser uma maneira especial e natural de tocar que não se vê no mundo.

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