sábado, 30 de outubro de 2010

Adolescência de Renato Russo é tema do filme ‘Somos tão jovens’

Dirigido por Antonio Carlos da Fontoura, produção será rodada em 2011.
Mãe do artista vetou o título original do projeto, ‘Religião urbana’.

A adolescência de Renato Russo, período no qual compôs hits como “Geração Coca-Cola”e “Que país é este?”, será tema do filme “Somos tão jovens”, de Antonio Carlos da Fontoura. Com filmagens marcadas para abril e maio de 2011, a produção terá como protagonista o ator Thiago Mendonça, que interpretou o sertanejo Luciano em “Dois filhos de Francisco”(2004).
“O filme mostrará como o Renato Manfredini Júnior, um moleque de Brasília que lia Shakespeare em inglês e sonhava com o estrelato, se transformou em Renato Russo”, sintetiza o cineasta, autor de longas como “Copacabana me engana”(1968) e “Gatão de meia idade” (2006).
Segundo o diretor, um dos pontos altos do filme será o período em que o cantor e compositor sofreu de uma doença óssea rara, a epifisiólise. “Ele tinha apenas 15 anos e era obrigado a ficar em casa, se tratando com morfina. Mas foi nessa reclusão forçada que começou a armar seu plano: se tornar o maior roqueiro do Brasil”, relata Fontoura. “Renato soltava a imaginação, escrevia diários com letras, e reportagens fictícias no qual relatava seu encontro com David Bowie e uma briga com Mick Jagger. Também foi nesse período que ele começou a colecionar vinis e entrou em contato com o punk”.
No roteiro, ainda em tratamento, o diretor pretende documentar a cena roqueira de Brasília nos anos 80, falando não apenas sobre a Legião Urbana e o Aborto Elétrico, as bandas de Russo.
“A formação do Capital Inicial também será registrada, bem como a de outros grupos importantes dessa época, como os Paralamas do Sucesso”, explica. “O Renato também teve sua fase de saco cheio de bandas, e saiu em carreira solo como ‘Trovador solitário’. Foi nesse momento que compôs músicas mais longas, como ‘Eduardo e Mônica’ e ‘Faroeste caboclo’”.
Fontoura pretende executar todas as cenas na capital federal, exceto aquela que mostrará o primeiro show da Legião, em 1982. “Estranhamente não foi em Brasília que os meninos estrearam, mas em Patos de Minas. Vamos filmar essa passagem lá.”

Participações afetivasA família Manfredini tem tido envolvimento direto no projeto. Carmem, a irmã de Russo, foi uma das principais incentivadoras da realização do filme. “Ela colaborou bastante na pesquisa. Forneceu dados sobre a infância do Renato, abriu o álbum de fotografias e seu baú de histórias”.
No entanto, segundo o diretor, foi a mãe do cantor, Maria do Carmo, quem deu uma das contribuições definitivas. “O nome original do filme era ‘Religião urbana’. Era uma referência à essa adoração quase sagrada que os fãs tem pela banda”, explica Fontoura. “Mas aí a Dona Carminha me chamou pra conversar e disse que o filho deveria estar se revirando no caixão com esse título. Ela contou que o Renato odiava essa veneração meio religiosa, dizia que não tinha vocação pra padre, nem pastor”.
“Somos tão jovens” foi nome sugerido pela matriarca Manfredini e acatado de imediato pelo diretor.
Quem também participa da produção é o filho de russo, Giuliano Manfredini, de 21 anos. Produtor musical, o rapaz está selecionando bandas para se apresentar na trama. “Vou filmar vários musicais, ao todo serão 19 faixas espalhadas em cenas”, adianta o diretor.
Ainda na parte musical, “Somos tão jovens” terá Carlos Trilha assinando a trilha sonora. Profundo conhecedor da obra de Russo, o produtor foi parceiro do cantor em dois de seus trabalhos-solo, “The stonewall celebration concert” (1994) e “Equilíbrio distante” (1995).
Na lista das “participações afetivas” estão ainda os filhos do guitarrista Dado Villa-Lobos e do baterista Marcelo Bonfá, que interpretarão os pais na adolescência, quando conheceram o líder da Legião Urbana. “Essa escalação é uma homenagem aos dois. Foi uma boa maneira de liga-los ao projeto, que inclui todas as pessoas que o Renato amava”.
Fonte: G1

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