terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os 20 anos do Rock In Rio I

Por Rodrigo Piza 
Pra quem tem menos de trinta anos fica difícil imaginar o que aconteceu em janeiro de 1985. Um festival de rock com mais de dez atrações internacionais de peso? Isso era um sonho, esse tipo de coisa a gente ficava sabendo que acontecia na Europa ou nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil... Só dava pra acreditar na hora, na fila de entrada e com o ingresso na mão.

A situação era a seguinte: durante os anos setenta e começo dos anos oitenta pouquíssimos artistas ou bandas estiveram por aqui, tivemos alguns shows memoráveis de soul e jazz, mas o mundo do rock era um mercado quase inexplorado e acima de tudo desacreditado comercialmente. Sem falar da dificuldade que era produzir um show de grande porte. Simplesmente ninguém tinha esse know-how e shows com péssima organização e qualidade de som ainda pior, era comum, quem se lembra de Van Halen (alto demais) e KISS (baixo demais) sabe como era.
Aliás, os poucos que se aventuraram aqui na selva antes do rock in rio ficaram com um lugar especial no coração dos fãs brasileiros. Nos anos setenta os heróis foram Alice Cooper, Joe Cocker, Rick Wakeman, Peter Frampton, Santana e Genesis, que deixou o público boquiaberto pela qualidade do som e simpatia de Phil Collins que conversava com a platéiaem português durante toda a apresentação. E nos anos oitenta KISS, Queen, The Police, Van Halen e de novo Frampton e Wakeman. A falta de informação era tão grande que antes do show do KISS tinha muita gente que jurava que eles iriam matar animais no palco, e que o ponto alto da carnificina era quando Gene Simmons pisoteava pintinhos com suas enormes botas...Justo o KISS, imagina...
Mas a hora de lavar a alma tinha chegado, meses antes do festival as atrações iam sendo confirmadas pouco a pouco: IRON MAIDEN, Queen, Rod Stewart, Ozzy, Scorpions, AC/DC, Yes, Def Leppard, era muito pra cabeça de qualquer rockeiro carente, não dava pra acreditar, tudo ao mesmo tempo era demais.
O mais incrível era que o momento não podia ser melhor, nos dois anos anteriores o rock tinha explodido no país com a Blitz, Titãs, Barão Vermelho, Paralamas, enfim, toda a primeira safra do rock brazuca dos anos oitenta, ouvir rock não era tão comum desde a época da jovem guarda. Além do mais quase todas as atrações internacionais estavam em ótima fase, fazendo turnês de discos bons e de sucesso, inclusive os últimos discos realmente bons em sua maioria. O empresário Roberto Medina, que criou o Rock in Rio, teve essa percepção e agiu na hora certa.
Dias antes do show, já com a programação fechada e devidamente anunciada na impressa o Def Leppard é obrigado a cancelar seus shows, o baterista havia acabado de sofrer o famoso acidente que fez com que ele perdesse o braço esquerdo. Para substitui-los foi chamado o WHITESNAKE, todos manjavam David Coverdale, mas a banda ainda era meio desconhecida no Brasil.
Fonte: Whiplash

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