domingo, 6 de março de 2011

Ex-candidato a cartola, narrador Silvio Luiz apoia jornalista em eleição na Fifa

Silvio Luiz se candidatou à presidência da FPF como protesto contra a gestão dos anos 80



O jornalista norte-americano Grant Wahl foi ousado ao se aventurar na candidatura à presidência da Fifa. Mas ele não é pioneiro. O jornalista brasileiro Silvio Luiz também se atreveu e lançou uma chapa junto com Flavio Prado para tentar o cargo na Federação Paulista de Futebol como forma de protesto à gestão vigente na década de 80. Silvio Luiz dá seu apoio ao companheiro de profissão que tenta o cargo político mais importante do futebol mundial.
O jornalista brasileiro considera que toda forma de protesto é válida desde que não haja agressão física. Mas ele não acredita que Wahl tenha chances de vitória.
“A Fifa virou um negócio enorme, só negócio. Quem paga é quem leva. E isso acontece também na eleição. Sem esquema financeiro pode esquecer, ele pode esquecer”, disse.
“Os políticos se aproveitavam do futebol naquela época e não mudou nada. Por isso tudo que você protesta de uma maneira não agressiva é valida. O Titirica não foi eleito? Os votos dele foram votos de protesto? Mas aí depende da inteligência de cada povo”, disse.

O CURRÍCULO DE WAHL

Começou a carreira de jornalista em 1996 no jornal Miami Herald. No mesmo ano, foi contratado pela revista esportiva Sports Illustrated. Em 2000, foi promovido a "senior writer".

Wahl já cobriu 12 campeonatos da NCAA (basquete norte-americano universitário), cinco Copas do Mundo e três Olimpíadas. Ele também escreveu o livro The Beckham Experiment” (que retrata a passagem de David Beckham nos Estados Unidos)
Quando se candidatou na FPF, em 1982 e 1985, Silvio queria protestar contra a dupla Nabi Abi Chedid e José Maria Marin, que comandava o futebol no Estado.
Os jornalistas arrumaram formas inusitadas de se manifestar. Nas primeiras eleições, ele e Flavio Prado chegaram de carroça e, na segunda, de ambulância porque disseram que o futebol estava em coma.
Apesar de ter conseguido apenas um voto na primeira eleição e dois na segunda, o feito teve grande repercussão e até a aprovação da mídia. “Aquilo foi um ato de rebeldia, tanto que fomos de cartola e fraque. Teve uma bela de uma mídia. Todo mundo concordou”, disse.
Ao contrário de Wahl, que precisa receber a indicação de uma das 208 federações filiadas à organização para se candidatar,  na época não havia pré-requisitos e qualquer pessoa poderia concorrer.
Segundo Silvio, o incômodo foi tamanho que mudaram o estatuto a partir das eleições seguintes para evitar qualquer tipo de manifestação. Dessa forma, só poderia se candidatar quem estivesse ligado aos clubes filiados à FPF.

PROMESSAS DE CAMPANHA

- Quer ser a ‘voz do povo’ na Fifa
- Modernizar as regras
- Uso de tecnologia para decidir lances duvidosos
- Indicação de uma mulher para o cargo de secretário-geral, hoje ocupado por Jerome Valcke
- Não punir as comemorações de gols com cartões
- Expor documentos da Fifa na Internet
“A mídia achou espetacular, a intenção era chamar a atenção porque a politicagem estava tomando conta do negocio. Na primeira vez nós chegamos de charrete. Naquela época não podia gastar gasolina, nem álcool e o candidato da situação era deputado e andava com o carro da assembleia para conseguir voto”, disse.
Assim como o brasileiro, a ideia de Grant também repercutiu mundialmente. Vários seguidores do Twitter fizeram campanha, inclusive o jogador de basquete Steve Nash, e lançaram o slogan "Change Fifa" ("Muda Fifa").

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