quinta-feira, 7 de abril de 2011

A mentira existe na música?


A mentira está permeada em tudo, em qualquer relação humana. Sem ela, o mundo seria outro. Não haveria política, não haveria necessidade de advogados, documentos de identificação, mídia, confissão na igreja e livros de história. Até um dia especial ela tem, não só no Brasil, mas em todo o planeta. Somos dependentes dela para sobreviver em um mundo de leis, interpretações e interesses.
A música é uma experiência muito íntima, tanto para o músico, que transmite um sentimento real através do instrumento, tanto para o ouvinte, que se identifica com melodias e letras, fazendo sempre um paralelo com sua própria vida, ou seja, experiências reais. Existe a mentira na música? Eu acredito que não. Mesmo que o compositor esteja escrevendo algo influenciado por alguma ficção científica, algo que não pertence a este tempo presente, coisas que acontecem no futuro e dependem quase que exclusivamente da imaginação, ele cria usando o momento, experiências vividas e que transmitem o real. Eu não saberia mentir com uma guitarra, como se faz isso? Tocar bem ou mal não tem nada a ver com o verdadeiro ou falso, cada um pode usar a técnica que quiser para se sentir bem e, consequentemente, ter uma relação saudável com a plateia, uma relação verdadeira, gostem ou não.
Mas a música é usada para mentir, criar ilusões e captar a atenção da multidão para que foquem em determinados assuntos ou proposta. O jingle político (veja alguns exemplos aqui) pode ser considerado música? O discurso é pura mentira, meias verdades, palavras colocadas estrategicamente com uma única função, a de ludibriar. A melodia fica refém da retórica, isso não pode ser considerado música. Qualquer propaganda política que se utiliza das harmonias e melodias é uma farsa musical, não existe como arte mas como uma ferramenta para se chamar a atenção aos interesses de poucos.
Uma situação bizarra, onde se viu a relação da mentira com a música, foi a da dupla Milli Vanilli (assista aqui), que, em 1990, após ganhar os principais prêmios da música se tornando a maior sensação da época, foi desmascarada como uma fraude, talvez a maior da indústria musical. Os integrantes que apareciam para o público nos palcos e nos videoclipes não eram os que tinha escrito e gravado as músicas, outros músicos fizeram tudo e a dupla foi apresentada como a dona das vozes. Foi patético.
Várias homenagens foram feitas à mentira na música. Aqui no Brasil, uma que eu lembro dos meus tempos de moleque é a do “Tremendão” Erasmo Carlos, “Pega na Mentira” (veja aqui), que foi um grande sucesso na época (1981) e que fala desta relação da gente com ela de maneira bem humorada.
Outras duas que gosto muito são as “homenagens” do Queen (clique aqui) e do Henry Rollins (assista), as duas músicas se chamam “Liar” (mentiroso), duas músicas muito fortes de grandes nomes da música.
A imagem pode distrair a atenção do que é real, aparências enganam e o poder da visão corrompe. A palavra pode ser interpretada de infinitas maneiras, dependendo do talento de cada um e da época vivida, a mesma palavra pode ter valores e intenções diferentes.
A música não. O acorde de dó maior tocado por Bach no século XVII é o mesmo acorde que toca a nossa alma hoje, independente do músico que esteja tocando, sem interpretações, sem segundas intenções e sem ter que ser politicamente correto ou incorreto de acordo com os tempos. As vibrações das cordas que fazem o acorde do dó ou de qualquer outro soar são reais, estão na natureza. Nós humanos  simplesmente inventamos instrumentos para que pudéssemos percebê-las.
Acreditam nisso ou acham que estou viajando? Verdade ou mentira?
É somente a minha opinião. Opine e não minta!
Abraço, play it loud.
Andreas Kisser
Fonte: Yahoo

Nenhum comentário: