Três soldados do programa Ronda do Quarteirão foram expulsos da Polícia Militar do Ceará após conclusão da ação que investigava o envolvimento deles com práticas de atos libidinosos. O Comando Geral da PM do Estado abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que foi concluído esta semana e decidiu enquadrá-los como culpados.
Os policiais foram flagrados pelo sistema de câmeras do carro da polícia no dia 20 de novembro de 2010. Conforme a publicação no Boletim Interno do Comando Geral da PM, as filmagens mostram os PMs apalpando os seios de duas jovens (entre elas, uma adolescente) e falando sobre sexo. Os militares ainda puxaram a parte de cima da blusa e “tocaram as partes íntimas” de uma delas, conforme o boletim. Os soldados também foram acusados de induzir as mulheres a praticar sexo oral. Eles foram identificados Francisco Cristiano Rocha da Costa, Rogério Sousa e Carlos Umberto Bezerra Júnior.
As ações foram flagradas durante o atendimento de uma ocorrência de “ato libidinoso em via pública”, envolvendo duas jovens e um motociclista. Os policiais colocaram os três no carro, liberando o homem logo em seguida. “Eles se deslocaram para um campo de futebol (no bairro Vila Velha) em companhia das duas garotas”, descreve o documento. Quando chegaram ao campo, todos teriam descido do veículo e permanecido do lado de fora por nove minutos.
De acordo com o major Fernando Albano, relações públicas da PM, os atos não são compatíveis com a função que ocupavam. O próximo passo é que os policiais devam responder também ao processo criminal na justiça comum. “Desde quarta-feira (20), eles não são mais militares. Vão responder a processo como qualquer pessoa”, delimitou o major. Segundo Albano, a Polícia agora aguarda que o Ministério Público se manifeste à respeito do caso.
Programa Ronda do Quarteirão
Criado em 2007, ainda no primeiro mandato do atual governador Cid Gomes, o Programa Ronda do Quarteirão é uma tentativa de fazer uma polícia comunitária. Como proposta de aproximação entre policiais e população, a direção do projeto disponibiliza o telefone de cada veículo em seus respectivos trechos de atuação. O objetivo, além de diminuir o tempo de resposta ao chamado, era de humanizar o atendimento policial.
O usuário telefonaria para o celular (a custo de ligação local) do carro policial em seu perímetro máximo de três km quadrados. No entanto, desde o princípio, o projeto foi cercado de polêmicas. A primeira dizia respeito ao veículo escolhido: um carro tipo Hilux SW 4, com custo acima de R$ 150 mil cada.
Além disso, os soldados do ronda, ao longo dos quatro anos de atuação, já se envolveram em polêmicas, como serem flagrados dormindo nos veículos, entrando com os carros de polícia em motéis e, ainda mais grave, no assassinato do adolescente Bruce Cristian de Oliveira, de apenas 14 anos, morto por engano em julho de 2010.
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