quinta-feira, 2 de junho de 2011

Encantado por Lady Gaga, o sessentão Alice Cooper diz que ninguém mais consegue chocar nos palcos


RIO - Religioso, pai careta, marido fiel, avesso a drogas, encantado por Lady Gaga e convertido a um mundo alheio à sua invenção... Aos 63 anos, Alice Cooper, ou Vincent Fournier, é uma coleção de paradoxos, que tenta de todas as maneiras adaptar-se a uma realidade muito diferente daquela que criou. Ainda nos anos 1970, seu objetivo principal era chocar a plateia e os críticos de música através da teatralidade encenada no palco.
- Apesar de ser um som de que eu não goste, admiro o que Lady Gaga vem fazendo. Ela é muito boa, mas não é capaz de chocar a plateia, somente divertir. Aliás, ninguém mais é capaz disso no entretenimento. Estive em um de seus shows, e, no final, ela veio me agradecer por poder se utilizar do meu estilo de apresentação. Fiquei lisonjeado, foi um megaelogio. Fico muito feliz quando artistas como ela, Marilyn Manson ou Slipknot dizem que encontraram inspiração em mim - teoriza, em entrevista por telefone, o cantor americano, que se apresenta sexta-feira, às 22h, no Citibank Hall. - A realidade exibida nos noticiários é que aterroriza os espectadores hoje em dia. Nada do que a gente faça no palco vai ser mais forte do que guerras, fome e pobreza.
É com essa pinta de bom moço que Cooper apresenta - ironicamente - a turnê "No more Mr. Nice Guy" no Rio.
- Eu sempre quis ser o Capitão Gancho no cinema. Adoro os papéis de vilão, acho mocinhos muito chatos. Qual é a graça de ser o Peter Pan?
Apesar de questionar a bondade na ficção, ele não pensa duas vezes antes de agradecer a Deus por ter se mantido longe das drogas e elege como Frankenstein desta geração (em referência a "Feed my Frankenstein", um de seus clássicos) o terrorista Osama Bin Laden.
- O maior Frankenstein do momento foi morto no Paquistão. É um alívio para o mundo. Não se pode misturar religião e política. Digo isso porque sou cristão, mas não extremista. A religião influencia muito a minha vida e a minha maneira de pensar. É meu estilo de vida. É graças a Deus que eu sempre fiquei longe de drogas, da prisão, de problemas e que sou casado com a mesma mulher há 35 anos, sem nunca tê-la traído. Meus filhos já estão crescidos e encaminhados, têm profissão e nunca deram problema.
O cantor americano Alice Cooper.   Foto  divulgação
Contra os 'indies' mauricinhos
Mesmo disfarçado de vilão de filme de terror e envolto em riffs de heavy metal, Cooper acaba sendo um purista do rock. Ele defende a teatralidade no palco contra a simplicidade pregada, por exemplo, pelo movimento indie, que sobe aos palcos de terno e gravata.
- Ainda trabalho com efeitos visuais. Eu não poderia estar em uma banda sem isso. Nosso show tem a energia do rock, mas diferente do AC/DC e do Iron Maiden, por exemplo. Dei vida a esse tipo de espetáculo, porque eu queria que a pessoa da última fila de um estádio pudesse sentir o show. Bandas com integrantes de calça jeans e camiseta não me interessam de jeito nenhum. Eu julgo pela qualidade da música, só que o visual tem que acompanhar o bom gosto, está interligado. Mas sou eclético e gosto de todos os tipos de música. Sou capaz de ouvir The Stooges e pular para Tom Jobim. Adoro bossa nova tanto quanto heavy metal. Eu só ignoro mesmo country e disco, por razões que precisam ser discutidas.
Se os fãs brasileiros estão ansiosos pela chegada desta lenda do rock, Cooper também mal pode esperar por sua quarta vinda aos palcos brasileiros. Ele garante os hits "School's out", "Poison", "No more Mr. Nice Guy" e "Billion dollar babies" no repertório.
- O Brasil é um país maravilhoso e exótico. Eu e minha banda sempre relembramos as apresentações incríveis que fizemos aí. E, talvez por causa do carnaval, vocês são mais preparados para um show energético como eu gosto de fazer.
E fôlego não falta. Cooper vai lançar, ainda neste ano, o álbum "Welcome 2 my nightmare" - uma espécie de continuação do clássico "Welcome to my nightmare" - e afirma estar estudando a possibilidade de participar da produção de uma montagem na Broadway inspirada em sua carreira. Ah, e vem um rockumentary por aí em 2012...


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