quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ai, Jesus!

Ai, Jesus! 

Algo não cheira bem. Quem entra na casa onde moram três dos cinco integrantes do grupo anteriormente conhecido como Hermes e Renato, no bairro paulistano de Perdizes, logo percebe isso. Depois de dez anos fazendo graça na MTV, eles migraram para a Rede Record, transição que fez suspender as atividades de um monte de bandas de paródia/sacanagem. O Massacration, a mais famosa delas, ainda não fez shows neste ano. Parte dos trajes usados pela última vez em Sergipe, em dezembro, ficou guardada dentro da mala até a sessão de fotos para a Billboard. A peruca de Felipe “Boça” Torres adquiriu “cheiro de vômito”. A bota de Marco “Hermes” Antônio Alves tem pedaços de bolo de festa grudados. Mas a autointitulada melhor banda de heavy metal do universo, que já lançou dois discos e saiu em turnê com o Sepultura, deve voltar aos palcos ainda no primeiro semestre.
Antes disso, o quinteto de comediantes apresenta aos poucos la gran revelación del pop latino. “Fizemos uma sacanagem em cima do Menudo, chama-se Melado”, explica Fausto Fanti, que, dependendo da peruca, vai de vocalista do combo moderninho Também Sou Hype a integrante da banda de axé chicleteira Coração Melão. E o RBD que se cuide. Caso a latinidade do Melado encante, pode ser que o projeto cresça. “Se chegarmos a dez ou 12 músicas, é porque a aceitação foi boa. E isso vale disco, DVD, camisa. Foi assim com o Massacration”, assegura Fanti, que também incorpora o Renato da “dupla” Hermes e Renato. Para ele, paródias engraçadinhas de canções são um recurso óbvio demais para um programa de humor. Por isso é que escolheram outra via: criar bandas com repertório inédito. A partir da recombinação de clichês, inventam personagens que satirizam escolas de samba (Unidos do Caralho a Quatro), grupos de reggae (Artesanation) e hip hop (“Rap Da Crueldade”, “Rap
Do Capeta”, “Rap Do Cabral”). “Fazer sátira em cima de um estilo musical só a gente faz”, garante. Na nova fase, o grupo promete sacanear forró, sertanejo, calipso, funk e quem mais estourar. Todos concordam que, agora que estão na TV aberta, a tendência é que explorem um lado mais popular.
SEM MISSAS PARA O PADRE GATO
Assim como quadros como o do sem-noção Joselito não podem ser utilizados no programa Legendários, nenhuma das bandas criada para a MTV vai ser vista na Record. As emissoras não entraram em acordo sobre a utilização de personagens. Sem chance de ver o Padre Gato, sátira ao Padre Fábio de Melo, interpretando sucessos além de “Tá Chovendo Freira”. Não que essa restrição os preocupe. “Esculhambação, palavrão e sátira de pastor fazem parte, mas o que ficam são as nossas ideias. As pessoas pensam que é uma pena não podermos levar tudo o que criamos. É uma pena por quê? Às vezes não cabe fazer a mesma piada mais de uma vez”, questiona Fanti, dando a entender que a religião – por motivos óbvios – deve passar longe a partir de agora. “A única banda que pegou mesmo foi o Massacration. As outras eram one hit wonders”, admite Bruno Sutter, mais conhecido por sua versão de voz fina Detonator, vocalista do Massacration. Dono do gogó mais afiado da turma, Sutter é o único que já lidou com a música sem fazer chacota. “Só não cantei funk, mas se tiver a oportunidade serei grato. Comecei cantando blues na noite, em 1994. Depois tive banda de death metal e fui cantor de churrascaria.” Entre uma garfada e outra, atacava o repertório de Elton John, Beatles e Banda Beijo.

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