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domingo, 2 de outubro de 2011

Nove mitos e verdades sobre os neandertais


esquisas recentes sugerem que o homem de Neandertal era "gente como a gente". Mas o que isso quer dizer? Quais eram as semelhanças e diferenças entre eles e o homem moderno? Em entrevista ao site de VEJA, especialistas esclarecem as principais descobertas sobre nosso primo pré-histórico

"Se andassem entre os humanos de hoje, os neandertais passariam despercebidos", afirma João Zilhão, um dos maiores especialistas em neandertais

Gente como a gente. É assim que os principais pesquisadores atualmente descrevem os neandertais, homens pré-históricos que viveram entre 130.000 e 30.000 anos atrás na Europa e em partes da Ásia. "Eles enterravam seus mortos, usavam objetos de adorno pessoal e desenvolveram uma sofisticada tecnologia do fogo", disse em entrevista ao site de VEJA oarqueólogo português João Zilhão, um dos maiores especialistas em neandertais. "Do ponto de vista arqueológico, não existe diferença cultural significativa entre neandertais e humanos modernos", afirmou Vanessa Paixão-Côrtes, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vanessa faz parte de um grupo coordenado pela pós-doutora em biologia, Maria Cátira Bortolini, que estuda o genoma do neandertal. 

Especialistas

JOÃO ZILHÃO
João Zilhão é um arqueólogo português e um dos maiores especialistas em neandertais do mundo. Foi professor da Universidade de Bristol (Inglaterra) entre os anos de 2005 e 2010 e atualmente é pesquisador da Universidade de Barcelona.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULAqui no Brasil, a pós-doutora em biologia Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordena uma linha de pesquisa sobre a evolução molecular de genes relacionados com características físicas. O grupo, formado pela doutoranda Vanessa Rodrigues Paixão-Cortês e pelo graduando Lucas Viscardi (aluno da Universidade Federal do Rio Grande), estuda o genoma do neandertal.
Não só o comportamento dos neandertais era semelhante ao dos homens contemporâneos: de acordo com Zilhão, os neandertais era tão parecidos fisicamente com os nossos antepassados que se andassem nas ruas de hoje ninguém notaria a diferença. Aliás, a experiência já foi feita. "Certa vez maquiaram atores como neandertais e os colocaram para passear pelas ruas de cidades ocidentais, como Nova York", contou Zilhão. E ninguém notou as diferenças, como formato do queixo, robustez das têmporas e corpo avantajado. 

Desaparecimento - Apesar das semelhanças, restam ainda muitos mistérios sobre os "primos" dos homens modernos. Por exemplo, não se sabe muito bem por que os neandertais simplesmente desapareceram da Terra há 50.000 anos na Ásia e há 30.000 anos na Europa. Um dos artigos mais recentes defende que os neandertais não teriam resistido à invasão em massa de homens modernos na Europa há 40.000 anos.
De acordo com Zilhão, por meio de cruzamentos, os neandertais foram assimilados pelas populações de homens modernos originárias da África e que ocuparam gradativamente a Europa e Ásia a partir de 50.000 anos atrás. (continue a leitura da matéria).

O que sabemos sobre os neandertais?

Especialistas respondem às principais questões sobre nossos "primos" pré-históricos

Houve cruzamento entre os neandertais e o homem moderno?

Sim. De acordo com Zilhão, isso está provado pela anatomia de fósseis dos primeiros europeus da época posterior ao primeiro contato com o homem moderno. Esses fósseis apresentam alguns traços característicos dos neandertais. Além disso, mais recentemente, o cruzamento também foi comprovado com a comparação do genoma de um neandertal com o de indivíduos atuais de vários continentes. Essa comparação evidencia que a contribuição neandertal para o genoma humano persistiu até o presente e em porcentagem significativa.




Os neandertais foram dizimados pelo homem moderno?





Não se sabe ao certo por que os neandertais desapareceram da Terra há 30.000 anos. Algumas hipóteses, não excludentes, são epidemias, catástrofes naturais ou o extermínio por outras populações. O que se sabe é que os neandertais foram assimilados pelos homens modernos, por meio de cruzamentos, e sucedidos pelas populações originárias de África que ocuparam gradativamente a Europa e Ásia a partir de 50.000 anos atrás.



O neandertal é uma subespécie do Homo sapiens ou uma outra espécie do gênero Homo?


De acordo com Zilhão, o neandertal é uma subespécie do Homo sapiens. Por definição, se houve miscigenação importante entre os dois grupos, isso significa que eram "subespécies" ou "populações" de uma só espécie biológica, não duas espécies distintas. Vanessa lembra, contudo, que a categorização de espécies é algo muito difícil. A questão ainda é amplamente discutida, apesar de tanto o homem moderno quanto o neandertal serem considerados humanos. 



Só o homem moderno desenvolveu pensamento abstrato?


Não. Os neandertais também exercitavam o pensamento abstrato e faziam uso de símbolos. Eles enterravam os mortos, usavam objetos de adorno pessoal, pintavam os corpos com tintas minerais, usavam utensílios de osso e marfim com marcas decorativas abstratas e desenvolveram uma sofisticada tecnologia do fogo. Essa técnica incluía a fabricação da mais antiga matéria-prima artificial da humanidade - uma resina utilizada para fazer tinta - através de processos que só encontram equivalente nos fornos de cerâmica do Período Neolítico, muitos milhares de anos depois.


Quais traços o homem moderno compartilha com os neandertais?


O homem moderno de 50.000 anos atrás tinha uma organização social, uma economia e uma cultura em tudo semelhantes com os neandertais. O homem moderno atual é, evidentemente, muito diferente: privilegia a acumulação de conhecimentos e desenvolvimentos tecnológicos e científicos.



O homem moderno tem o cérebro maior que o do neandertal?


Não, ao contrário: os neandertais é que tinham um cérebro maior. Mas, de um ponto de vista genético, poucas diferenças foram encontradas quanta à capacidade cognitiva. Ou seja, tanto quanto podemos saber, os cérebros de humanos e neandertais eram diferentes apenas em tamanho.



Qual era a aparência dos neandertais?


Eram "gente como a gente", salvo pequenas diferenças (o formato do queixo e a robustez das têmporas) dentro da margem de variação da humanidade atual. Provavelmente, seus cabelos também exibiam as mesmas variações de tonalidades que os do homem moderno. Os cientistas já fizeram experiências como atores maquiados como neandertais. A trupe passeou pelas ruas de grandes cidades e ninguém notou diferença.



Qual era a expectativa de vida dos neandertais?


A expectativa de vida dos neandertais era igual a dos primeiros humanos modernos: cerca de 25% deles ultrapassavam os 40 anos. Alguns podiam chegar aos 60 anos. A descoberta de ossos de neandertais idosos, que viveram além da idade de prover o sustento para eles mesmos, sugere forte organização familiar.



Os neandertais eram canibais?


Sim. O canibalismo entre neandertais está documentado. Mas ainda não se sabe com que finalidade ou frequência: se era uma fonte alimentar excepcional para tempos de crise ou uma prática rotineira. Segundo pesquisadores, os neandertais seriam tão canibais quanto os homens modernos. De acordo com Zilhão, é mais um aspecto que aproxima os dois grupos.


Os neandertais receberam este nome porque os primeiros ossos foram encontrados em uma caverna no Vale de Neander, na Alemanha. "Tal" significa vale em alemão.


Os neandertais receberam este nome porque a primeira ossada do homem pré-histórico foi encontrada em uma caverna no Vale de Neander, na Alemanha, em 1856. "Tal" significa "vale" em alemão.



Herança genética - A assimilação de neandertais pelos humanos modernos, segundo Zilhão, está provada pela anatomia de fósseis dos primeiros europeus que tiveram o primeiro contato com os neandertais e pela comparação do genoma com indivíduos de vários continentes. "Os neandertais contribuíram para o genoma humano e esses traços genéticos persistem até hoje em porcentagem significativa", disse.
De acordo com Vanessa, entre 1% e 4% do DNA de humanos modernos é de neandertais e outros homens arcaicos.
Mas a pesquisadora lembra que, além da assimilação, existem outras hipóteses não excludentes que também podem explicar o desaparecimento dos neandertais, como o extermínio, epidemias e até catástrofes naturais. "Os motivos para o sucesso humano e a extinção dos neandertais ainda são amplamente debatidos", disse Vanessa.

Humanos - Uma das questões mais debatidas entre os pesquisadores é se o neandertal era uma subespécie de Homo sapiens - ou seja, uma população de humanos eventualmente isolada - ou uma espécie completamente diferente, a doHomo neandethalensis.
Na opinião de Zilhão, trata-se de uma subespécie. "Se houve miscigenação importante entre os dois grupos, isso significa que eram subespécies ou populações de uma só espécie biológica, não duas espécies distintas", ponderou o arqueólogo.

Os cientistas já descobriram que o cruzamento de humanos com neandertais gerou híbridos férteis. Isso significa que, em um dado momento, rompeu-se qualquer tipo de isolamento reprodutivo entre o homem moderno e o neandertal. "Mas a tarefa de categorizar espécies é muito difícil", disse Vanessa. "No fim das contas, são todos considerados humanos".



Fonte: Veja Abril

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vikings podem ter deixado a Groenlândia por causa do clima


Os nórdicos viveram entre os anos 850 e 1.400 na maior ilha do mundo

 Por volta de 1.100, no entanto, a temperatura começou a cair e continuou assim pelos 80 anos seguintes
Uma pequena Era do Gelo pode ter sido a causa do desaparecimento das comunidades vikings da Groenlândia, no século XV. Segundo um estudo arqueológico conduzido pela Universidade Brown, nos Estados Unidos, e publicado no periódico científicoProceedings of the National Academy of Sciences, uma queda brusca na temperatura tornou a permanência dos nórdicos na região praticamente impossível.
Os vikings chegaram à região no ano 980 e depois estabeleceram uma série de pequenas comunidades ao longo da costa ocidental da ilha. A chegada coincide com um período de clima relativamente ameno, similar ao atual. Por volta de 1.100, no entanto, a temperatura começou a cair e continuou assim pelos 80 anos seguintes. Ao final dessa fase, estava quatro graus Celsius mais baixa.
A queda resultou em períodos mais curtos para o crescimento das plantações, o que gerou menos comida para os rebanhos, e aumentou o gelo no mar, derrubando o terceiro tripé do modo de vida viking na região, que era o comércio com a Escandinávia. “Com os verões mais curtos e frios, não foi possível continuar por muito tempo na região”, afirma William D’Andrea, coordenador do estudo e doutor em ciências geológicas pela Universidade Brown.
Divulgação
William D'Andrea e Yongsong Huang, ambos da Brown University, retiram núcleos de gelo de lago da Groenlândia
William D'Andrea e Yongsong Huang, ambos da Brown University, retiram núcleos de gelo de lago da Groenlândia
Os pesquisadores determinaram com precisão as mudanças na temperatura ao analisar os núcleos de gelo de dois lagos em Kangerlussuaq, local próximo das antigas comunidades vikings. “Os registros mostram o quão rapidamente e quanto a temperatura mudou na região”, diz Yoengsong Huang, professor de ciências geológicas na Brown e um dos autores do estudo.
Acredita-se que outras duas civilizações que viveram na Groenlândia, os Saqqaq e os Dorset, tenham sido afetadas pelas mudanças climáticas. Os Saqqaq chegaram na ilha por volta do ano 2.500 a.C. e enfrentaram diversas mudanças na temperatura até que em 850 a.C. houve uma virada drástica. “Não foi a velocidade da mudança e sim a amplitude. Ficou muito mais frio”, explica D’Andrea. 
Mais acostumados com o clima gelado, os Dorset chegaram pouco depois da saída dos Saqqaq, mas no ano 50 a.C. também deixariam a região. D’Andrea acredita que o frio excessivo os tenha afastado.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Hoje na Historia - JBlog - Jornal do Brasil - 1972 - O 'Domingo Sangrento'




Treze pessoas morreram e 16 ficaram feridas quando soldados do batalhão de paraquedistas britânicos abriram fogo contra civis, em Derry, na Irlanda do Norte. As vítimas faziam uma manifestação pacífica contra a prisão sumária de suspeitos de terrorismo. Os incidentes começaram no Guild Hall onde manifestantes católicos haviam se reunido, desobedecendo pelo segundo dia consecutivo a ordem do governo que proibia os protestos. A ação das tropas inglesas resultou no maior número de mortos desde o início da intervenção na Irlanda do Norte, em 1969. O general Robert Ford, comandante das tropas terrestres inglesas, disse que os soldados foram recebidos a tiros pelos manifestantes. A versão foi desmentida por testemunhas e por um porta-voz do Exército Republicano Irlandês (IRA), que prometeu uma vingança implacável contra os agressores. Depois do episódio, o IRA dividiu-se em duas frentes de luta: Uma que acreditava no movimento político e na participação nos parlamentos de Londres, Dublin e Belfast, e outra, que optou por continuar a luta armada.
A tragédia ficou conhecida como Domingo Sangrento e desencadeou uma onda de atentados na Irlanda e na Inglaterra, comandados pelo braço armado do IRA. Em função da chacina, o Exército Republicano Irlandês arregimentou um grande número de voluntários entre os jovens católicos da Irlanda do Norte.
Em represália ao massacre, o IRA convocou uma greve geral cujo apelo foi atendido por 90% da população. Milhares de pessoas saíram às ruas sob uma forte tempestade de neve para atirar pedras, explodir bombas, incendiar veículos e arrancar barricadas feitas pela polícia. Dois policiais foram feridos por franco-atiradores.

Militantes fazem greve de fome
Os militantes do IRA presos em 1981 iniciaram uma série de greves de fome. Bobby Sands foi o primeiro a morrer depois de ficar mais de dois meses sem receber alimento algum. Ele tornou-se um símbolo e mártir da luta da minoria católica contra o domínio inglês. Outros nove presos católicos também morreram em greve de fome. De 1969 a 1982, a disputa causou mais de 2 mil mortes, na maioria de civis. Depois de várias tentativas de cessar-fogo, o IRA depôs as armas em julho de 2005, sem contudo conseguir os seu objetivo de independência da Irlanda do Norte, que continuou a fazer parte do Reino Unido.