sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vinte anos sem Stevie Ray Vaughn

Hoje, dia 27 de Agosto, faz 20 anos da trágica morte do mestre da guitarra blues Stevie Ray Vaughn. Depois de um show fantástico nos Estados Unidos, no ano de 1989, onde dividiu o palco com Eric Clapton, Buddy Guy, ZZ Top e Stevie Wonder, Stevie Ray embarcou no helicóptero que o levaria até Chicago. Logo depois da decolagem, o helicóptero caiu matando todos à bordo. Com apenas 35 anos de idade, um dos guitarristas mais influentes do blues, se não o mais influente, estava morto.
Stevie nasceu na cidade de Dallas, no estado do Texas, um garoto franzino e tímido, que vivia na sobra do irmão Jimmy Vaughn, que fora a sua primeira grande influência. Ele começou como baixista na banda do irmão, logo passando para guitarra, instrumento que começou a devorar obssessivamente. Escutando os metres do blues, principalmente os mais pesados e agressivos como Albert King, Buddy Guy e Albert Collins, começou a criar um estilo próprio que mudaria a história do blues para sempre.
Stevie Ray Vaughn foi uma porrada na cena blues, que estava meio paralisada e esquecida, um estilo considerado ulrapassado, com ídolos velhos que não estavam trazendo nada de novo. Com o seu grupo Double Trouble, formado pelo baterista Chris Layton e o baixista Tommy Shannon, revolucionou a guitarra blues, levando o estilo às grandes arenas, inclusive com videoclips sendo mostrados na MTV. Incrível!
No final de 1989, quando o Sepultura fazia a sua primeira turnê americana, nós tivemos uns days off na Filadélfia. Ficamos na casa dos amigos da banda Faith or Fear, que fazia a turnê com a gente e com eles eu fui assistir ao show do Stevie Ray Vaughn no The Spectrum, a grande arena de shows na cidade, com Jeff Beck abrindo o show. WOW! Foi inacreditável ver o blues naquele nível, coisa jamais vista na história da música. Infelizmente nós chegamos atrasados e perdemos o show do Jeff Beck, ainda bem que ele fez uma jam com Stevie no final, não lembro que música foi, mas foi mágico!
Sinto-me privilegiado te ter tido esta chance de ver o mestre, na sua melhor forma, depois de ter passado por muitos problemas com drogas e álcool, ele estava limpo e com uma energia impressionante. Ainda tímido, com o grande chapéu cobrindo a sua face, com a cabeça baixa, empunhando a guitarra com ninguém, ele dominava uma platéia de 40 mil pessoas, hipnotizadas pelos seus riffs e solos inconfundíveis. What night!
Um fato curioso na carreira de Stevie foi quando ele foi convidado a fazer um solo no disco do mega star David Bowie. Bowie viu Stevie num show e ficou abismado com o que viu, chamou ele na hora para fazer a participação na música “Let’s Dance”. Stevie ficou honrado, foi ao ao estúdio, fez o solo, mas na hora de fazer o videoclipe quem aparece tocando o solo é o próprio Bowie. (??? Hahahahaha, ficou patético). A música é muito legal e o solo é muito duro e direto e ver o Bowie dublando o solo é realmente ridículo. Veja o vídeo da música “Let’s Dance” aqui.
O efeito Stevie Ray
Ao mesmo tempo que Stevie Ray mudou o rumo da guitarra blues, a mostrou um caminho novo, ele tembéme matou o estilo. Depois de Stevie, todos os guitarristas querem soar como ele, eventualmente estagnando o estilo e deixando os guitarristas de blues com as mesmas características, o que Stevie trouxe como novidade é hoje clichê. É raríssimo escutar algo de novidade na guitarra blues hoje em dia, não estou dizendo que não tem coisa boa, tem muita coisa boa,  mas nada de novo, de revolucionário, que leve o blues ao topo novamente. Sem Stevie Ray Vaughn o blues voltou ao seu estado underground e o estilo que Stevie deixou, infelizmente, atrapalha um pouco a real evolução da guitarra no blues.
Enfim, ele vai ficar para sempre, é uma marca, um divisor de águas, como foram Jimi Hendrix e Van Halen, um mestre que tem que ser respeitado, mas ao mesmo tempo precisa ser desafiado sempre. Fiquem com o mestre destruindo o seu violão.
Abraço, play it loud.

Fonte: Yahoo

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