De todas as afecções acima, duas delas são patológicas e tratáveis. Todos estão envolvidos com um sentimento em comum: a Tristeza.
A tristeza é um sentimento como a raiva, a pena, a alegria. Dá e passa. Simplesmente porque tem um motivo: perda, frustração, seja lá ele qual for. A tristeza aparece circunstancialmente e desaparece da mesma forma. É algo de fora que incomoda os nossos quereres, as nossas vontades. E por isso, vem e vai.
O Luto é a tristeza que se prolonga por um tempo, geralmente sua causa é uma perda: seja de um emprego, uma pessoa querida ou em um relacionamento. É aquela perda significativa, inesperada que, de repente, atordoa todo um cotidiano, fazendo com que a pessoa precise realmente de um tempo maior para a readaptação da nova vida.
É como se a pessoa precisasse se reconstruir porque o rumo foi perdido. Quem nunca, depois de um namoro longo, não se viu pensando e tentando lembrar como era possível a vida antes desse relacionamento? Eu mesma, depois de dois anos e um término decidido por mim, chorei por seis meses incansáveis, até decidir que já era hora de “olhar pra frente”.
Você está triste, mas continua pensando no jeito em que vai recomeçar. Não deixa de fazer suas coisas, muda o cabelo, matricula-se em um curso de outro idioma… Tudo para ocupar o seu tempo, porque um minuto de quietude e lá vem a tristeza novamente…
Caso não haja forças para tanto, o luto pode tornar-se patológico, resultando em depressãocircunstancial e ela é muito relacionada ao grau de dependência com o que foi perdido e deve ser tratada e acompanhada por um terapeuta.
A depressão é um estado patológico que ocorre quando fatores genéticos e biopsicossociais interagem entre si causando um desequilíbrio de certas substâncias produzidas, como a serotonina e a noradrenalina. É preciso acompanhamento médico para a prescrição de drogas reguladoras, além de psicoterapia para a reorganização das ideias.
As características principais da depressão são:
- Humor persistentemente rebaixado (mais de duas semanas, sem períodos de melhora);
- Redução ou incapacidade de sentir prazer.
Sim, influencia diretamente no desejo sexual, diminuindo a libido. Uma pessoa, antes ativa, começa a faltar o trabalho, suas atividades de lazer. Ou seja, a pessoa está tão mal que não se acha no direito de se divertir.
Muitos dos parentes e amigos do doente, por preconceito e falta de conhecimento, acabam por achar que é “frescura”, principalmente quando a depressão é existencial (quando parece não haver quaisquer motivos externos). Conselhos, broncas, só servem para agravar o problema, deixando o paciente ainda mais deprimido por sentir-se culpado com a situação. Ele quer sair dessa, mas simplesmente ele não é capaz!
Ninguém consegue viver em uma “frescura prolongada” por mais de duas semanas, sem nenhum tipo de diversão se não estiver doente.
O que essa pessoa precisa é de apoio e compreensão. Alguém que acredite quando ele fala que não consegue ter forças para se divertir. É levar a sério quando, mesmo linda, a mulher se diz feia. Não podemos esperar com que ela pare de ajeitar as sobrancelhas ou tomar banho (sinal de gravidade da doença). Caso não tratada, a depressão pode culminar com um suicídio.
Antes de rotular o seu amigo ou parente como “fresco”, é melhor conhecer seus antecedentes, ouvir seus sentimentos e seus porquês. Sugira um psicólogo que avaliará a gravidade do problema. Se for mesmo depressão, ele encaminhará a um psiquiatra.
O nosso papel frente a um caso desses não é julgar e sim ajudar. Não precisamos entender as pessoas… Aceitá-las já é um grande passo e uma ajuda imensa. Precisamos colaborar para a reinclusão deles na sociedade. Eles relutarão, será dolorido, mas se quiserem colaborar para sair dessa, vão ceder.
É assim que sabemos quem são nossos verdadeiros amigos. No auge, todo mundo quer ficar ao nosso lado, mas poucos tem coragem de nos tirar do fundo do poço.
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